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LS Tractor troca tratores por sacas de café

05-03-2014

Os cafeicultores que costumam realizar operações de troca de sacas do grão por insumos como defensivos e até implementos, conhecidas como barter, também podem seguir esse modelo para adquirir tratores. Novata no país, a LS Tractor, divisão da multinacional coreana LS Mtron, vem apostando nele para comercializar máquinas de menor potência voltadas ao segmento e ganhar mercado – e a estratégia, até agora, tem sido considerada bem sucedida.
De acordo com o diretor comercial da LS Tractor, André Rorato, as operações de troca começaram a ser desenhadas em outubro de 2013, quando a primeira fábrica da marca no Brasil, em Santa Catarina, foi inaugurada. Foi a primeira unidade industrial construída por essa divisão da múlti fora da Ásia.

Quando inaugurou a planta catarinense, as perspectivas para o mercado do café eram particularmente negativas. A confortável oferta global de café derrubava os preços da commodities e o cenário coibia investimentos, daí a opção pelo barter. A recente seca em regiões produtoras do Brasil prejudicou cafezais e elevou preços – e, para a LS, expandiu as vendas baseadas em trocas. O número de operações, até então calculado em cerca de 60, chegou a 120 e outras 30 estão em negociação.

“É uma ferramenta boa, já que o produtor paga com a moeda que ele produz”, afirma Rorato, que estima que a quantidade de negócios ainda terá grande crescimento neste ano.

Para operacionalizar a troca, a LS Tractor fez uma parceria com uma trading que recebe os grãos dos produtores que fecham contrato com a LS. A empresa aceita diferentes tipos de café em vários armazéns nas principais regiões produtoras do país. Se o café for certificado, ganha bônus, diz o diretor comercial da LS Tractor.

Rorato explica que é calculada uma cotação média do produto no mercado futuro para a definição do número de sacas o produtor terá de entregar como pagamento das parcelas. A venda pode ser feita em até três parcelas, uma por safra. Caso o preço da commodity suba ante o valor fixado para determinado ano, é possível fazer um seguro de risco para que o cafeicultor entregue menos sacas do que seria inicialmente necessário.

Atualmente, um trator da empresa específico para a cafeicultura pode custar R$ 67 mil. Nas condições atuais do negócio dividido em três vezes, o produtor terá de entregar 70 sacas por safra. A cotação da saca do produto do Sul de Minas, por exemplo, está sendo fixada pela trading parceira da múlti coreana por cerca de R$ 398 para entrega neste ano, R$ 445 para entrega em 2015 e R$ 485 em 2016, de acordo com Rorato.

Com investimentos totais de R$ 150 milhões no Brasil, a LS Tractor tem como meta comercializar no país cerca de 3 mil tratores em 2014. A empresa produz equipamentos de 39 a 105 cavalos de potência. Nessa faixa, pretende conquistar 14% de participação do mercado brasileiro até 2016.

Normalmente, grandes cooperativas de café financiam a seus associados operações de troca com insumos e implementos, mas não com tratores. A mineira Cooxupé, a maior do país, registrou um volume cinco vezes maior de operações de troca com insumos em 2014 que em 2013, segundo José Eduardo Santos Júnior, superintendente de desenvolvimento do cooperado do grupo.

Mesmo assim, a operação da LS Tractor não pode ser considerada uma tendência, conforme Milton Rego, vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Para ele, nesse tipo de operação é preciso fazer um seguro de preço atrelado ao financiamento, o que sai mais caro que as linhas de financiamento do governo.

Rego lembra que essas operações de troca de máquinas por produção agrícolas eram comuns no passado nos mercados de milho, soja e cana, quando a inflação era mais elevada e o câmbio, mais volátil.

 

Fonte:http://blogdocaminhoneiro.com/2014/03/ls-tractor-troca-tratores-por-sacas-de-cafe/